Imagine possíveis continuações para as frases abaixo:
“Eu não sou racista, mas (...).”
“Eu não sou homofóbico/a, mas (...).”
“Eu não sou machista, mas (...).”
Já parou pra pensar quanta estupidez o ser humano é capaz de produzir ao terminar frases assim? Vamos só imaginar então estas falas ou ornejos sendo completados:
“Eu não sou racista, mas acho que casais negros não deveriam ter o direito de adotar crianças brancas.”
“Eu não sou homofóbico/a, mas acho que os gays e lésbicas poderem de se casar judicialmente é um disparate com o restante da sociedade.”
“Eu não sou machista, mas acho que jamais aceitaria se o salário da minha mulher fosse maior que o meu.”
Realmente é difícil pensar algo que não soe preconceituoso vindo depois dessas ressalvas. Agora por que será que pessoas que se expressam assim preferem antes de despejar seu preconceito verbalmente (seja ele em forma de racismo, homofobia, machismo, etc.) dizer que não têm essa visão deturpada simplesmente ignorando o quão paradoxal é isto?
Pensar que não percebem que são preconceituosos/as talvez seja bondade demais, pois a maioria sabe sim (e muito bem) que é. Iniciar as falas exemplificadas desta forma é uma tentativa de amenizá-las (especialmente para o lado do/a próprio/a interlocutor/a). Porém é uma tentativa vã, pois qualquer visão mais crítica e aberta sobre esses tais pronunciamentos perceberá que eles não só soam preconceituosos como são, mas também carregados de hipocrisia.
O preconceito tem uma relação com a hipocrisia que se pararmos para refletir veremos que ele, se não caminha sempre de mãos dadas com ela, nunca se distancia mais do que o suficiente para se reencontrarem rapidamente e “ampararem” seus fúteis usuários. Relação íntima e necessária, pois o que seria das tolas bases dos preconceitos sem seus argumentos hipócritas?
Perfeito!! Obrigada por esse texto!
ResponderExcluirDe nada! Eu que agradeço! :D
Excluir